A criança que vive em um ambiente insalubre pode apresentar consequências danosas para o seu desenvolvimento.
A terminologia insalubre descreve a condição de algo que não faz bem para a saúde, algo que é doentio, que adoece, e por isso, rege alguns direitos afim de reparar o dano causado.
Sendo assim, como pensar este tema “a criança em um ambiente insalubre?”
Quando se fala em saúde emocional, o tempo da infância é um tempo de estruturação.
Um tempo em que a criança tem o direito de crescer sob proteção, e que os cuidadores sejam capazes de promover o desenvolvimento saudável para ela como um todo.
Ambientes em que a criança não pode ser escutada, onde não pode expressar suas experiências, seus pensamentos, sua imaginação e fantasias, não oferecem a ela o direito de se tornar um sujeito.
Ou seja, não lhe dão o direito de se desenvolver, de formar valores, de se constituir no desenvolvimento da linguagem, de interagir e viver.
Um ambiente insalubre causa danos que podem ser irreversíveis na estruturação da personalidade de um bebê e de uma criança.
Uma criança em um ambiente insalubre, sofre com imposição de valores, rigidez na educação, preconceito, maus tratos, falta de diálogo, impaciência e insensibilidade de cuidadores, dentre outros. A insatisfação da vida dos pais também é uma condição que pode se repercutir negativamente na construção e formação da subjetividade de uma criança.
Estas características ambientais se traduzem na falta de espaço e na falta de consideração de que um bebê e uma criança são corpos em carne viva, que se expressam e precisam ser considerados e escutados.
Quando isso acontece, geralmente é porque falta para os pais e cuidadores uma rede de apoio e orientação, que possa dar suporte à nova fase da vida dos próprios pais e da nova configuração familiar e suas demandas.
A linguagem é tudo.
Pais e cuidadores, mesmo não falando nada verbalmente, se enganam em não considerar que as mensagens que circulam no ambiente em que a criança vive são registradas por elas.
As incongruências nas maneiras de transmitir valores e condutas também denunciam que alguns pais se sentem autorizados a ensinar o que a criança “deve seguir”. Digo aqui que há situações em que pais podem dizer uma coisa e fazer outra, o que se traduz em uma grande confusão de orientação para o comportamento e limites para a criança quando esta começa a circular no ambiente social, por exemplo o ambiente escolar.
Mas, muitas vezes a contradição acontece quando por exemplo ao ingressar na escola, o que ela encontra é a regra clara de que não se pode bater no amigo ou falar palavras feias, como os palavrões, mas em casa o exemplo do que ocorre é exatamente ao contrário.
Para a criança este dilema pode se caracterizar como um transtorno.
A quem obedecer?
Para onde se orientar?
É a famosa frase: “As crianças aprendem mais com a conduta do que com a fala.”
Muitas vezes sim .
Em algumas situações os pais só são capazes de perceber o dano causado para a criança quando ela passa a reproduzir algo do ambiente insalubre no ambiente social, contudo os bilhetes já estão na agenda no final do dia de escola.
E, sinceramente, alguns nem percebem o dano causado.
Bebês e crianças existem.
Tem percepções e sensações sendo internalizadas.
Qualquer ambiente insalubre deixará esse registro e um dano para ela.
Para uma criança desenvolver suas potencialidades afetivas e intelectuais, ela necessita de um ambiente seguro, confiável e disponível.
Uma criança preocupada em sobreviver não pode ser criativa, sublimar e se desenvolver.
A Criança Em Um Ambiente Insalubre E Suas Consequências
É muito comum crianças apresentarem dificuldades de aprendizagem justamente porque estão afetadas pelas situações insalubres do ambiente em que vivem.
No desenvolvimento infantil e na estruturação da personalidade de uma criança, há a necessidade primordial de que ela se constitua como um sujeito.
E isto envolve ela saber quem ela é na dinâmica da família, qual sua representação, quais os seus limites e as suas potencialidades.
O que quero dizer é que jamais uma criança deve ser responsável pelas limitações de seus pais.
Seja pela dificuldade ou imaturidade dos pais em conduzir a própria vida, e por fim conduzir a educação de uma criança que está desenvolvendo a compreensão dos relacionamentos humanos e com o mundo de forma geral.
São coisas distintas.
Ter filhos não é brincadeira.
Pense nisso.
Sempre atentos!